Nos últimos dias fui eu a escolhida para tal desejo. No estado de insónia nem se dorme nem se está acordado. Não se sente bem, nem mal. Sente-se alunado, sem forças, mas com uma força impulsiva que nos impede de adormecer, a todo o custo. Morrendo na horizontal.
Insónia, ela, consegue ser deliciosa, durante o seu decorrer, mas saber as suas consequências, impede o seu verdadeiro divertimento.
Ou talvez não, se pensarmos que só é possível provar o verdadeiro doce, se conhecermos o verdadeiro amargo, e é verdade.
Mas a verdade doí, por isso oculta-se.
No estado de insónia sinto que sou capaz de pensar e reflectir como se a minha mente se tratasse de um tesouro que devia ser protegido pela humanidade. No estado de insónia eu gosto de ocupar a cabeça com coisas inúteis que me levem a pensar intuitivamente, como ouvir algo, olhar para algo ou sentir algo tão fútil que só estará do meu lado torná-lo profundo, perigo e ameaçador. No estado de insónia os pensamentos são ameaçadores, todos eles, porque naquele estado, sobre aquela película protectora de falsa realidade sentimos que podemos fazer tudo o que quisermos.
Qualquer coisa.
No final,
adormecer.
Após o estado de insónia partir, o sono é o mais pesado de sempre, parece tão pesado que nunca mais vamos conseguir acordar, por maior que seja a vontade.
Mas acordamos, mais cedo do que era suposto.
Acordamos ainda mais cedo, irregularmente.
Afectada pela falta de sono, quando acordo, deparo-me com a difícil tarefa de acordar, de estar consciente, saltando de nuvem para nuvem, passo o dia a voar, cegando os obstáculos.